É fato: o calor é inimigo do trabalho e dos desembargadores. Por Claudio Schamis
É fato: o calor é inimigo do trabalho e dos desembargadores. E isso quem falou não fui eu, nem você e nem o Lula, mas foi o desembargador Marcus Faver (que conta, também, com o total apoio do presidente do TJ-RJ, desembargador Manoel Alberto Rebelo dos Santos) que disse ser impossível estender o expediente judiciário por causa do calor e que seria impraticável trabalhar.
Tendo visto servidores do Senado registrarem sua presença no novo sistema de ponto implantado ao custo de R$ 1,5 milhão e retornarem para suas casas em vez de nos servir, pois é para isso que pagamos seus salários, fui em busca de uma explicação. Se bem que o que pode ser explicado realmente? Até onde eu sei desembargador anda de carro com ar condicionado, entra num prédio com ar e seu gabinete também tem ar. Se ele estivesse preocupado com os de fato trabalhadores que labutam faça o calor que for, às vezes com sol a pino em suas cabeças iria propor indicá-lo ao prêmio Nobel de alguma coisa e caso não tivesse inventaria um, pois ele seria merecedor. Marcus, e se estiver chovendo? Imagina um mês inteiro de chuvas ininterruptas? Seria o caso também? Vai que molha seu Armani!
Então para Marcus e esses servidores burladores o trabalho advém do latim ‘tripalium’, tripálio, designado instrumento de tortura composto de três estacas, ao qual era submetido o condenado, quando não empalado numa delas e ali deixado até morrer. Porém para outros trabalhadores com “T” maiúsculo, a ideia do trabalho, como sofrimento, não estava presente na etimologia latina, vez que o verbo trabalhar era ‘laborare’; e trabalho, ‘labor’.
É esse o exemplo que um desembargador deveria dar? Se ele acha que trabalhar no calor não enaltece o homem, que guarde isso para ele. Mas, a partir do momento que há uma declaração, a coisa se torna pública como ele, um homem público, que deveria estar focado em melhorar as coisas, em julgar melhor e não em declarar uma asneira dessas.
Imagina se um operário de obras, um lixeiro, um carteiro ou um motorista de ônibus também fosse pensar assim? Na verdade, um país tropical como o nosso seria um país para se folgar praticamente o ano inteiro, dependendo da região, e teríamos que procurar trabalho em outras praias, quer dize,r na praia não pode, pois deve ser quente. Não sei ainda como tem ambulante trabalhando por lá.
E já que estamos falando de trabalho, Cabral que não é Pedro Álvares e sim Sergio, descobriu não o Brasil, mas que Lula irá palestrar no “Fórum de Líderes do Setor Público da América Latina e Caribe” e resolveu esticar sua viagem aos Estados Unidos. Não é fofo isso? E enquanto isso o nosso estado…
E é num estado de nervos que eu me encontrei quando li que o gasto mensal com o cartão corporativo no governo Dilma subiu 60%. A festa continua, parece que só havia mudado o protagonista, mas assessores tentaram justificar dizendo que as faturas ainda contêm gastos do ex-presidente Lula. É, pode até ser, mas é estranho, pois Lula disse que não deixaria herança maldita, ou algo do gênero. Deixou e deixou muita coisa.
E falando em coisa, ela não anda muito bem para Temer, nosso vice-presidente, que ficou sabendo de um inquérito que tramita no STF, onde ele é acusado de receber propina de uma empresa com interesse no Porto de Santos. Ele, claro, como todos, nega.
Enquanto eles negam, Paulinho da Força Sindical reclama da ausência de bordeis próximos às obras do PAC em Rondônia, como informou meu colega Ancelmo Gois. Acontece que muitas das obras estão ainda por concluir, outras nem começaram, e a hora não é de se pensar em saliência e sim em trabalho, ou será que Paulinho quer entrar para o time do desembargador, só que ao invés de reclamar do calor ele quer justamente o contrário: apagar o calor do trabalhador com sombra, um quarto, uma cama, espelho no teto e ventilador?
E já que o ventilador está ligado, foi jogada mais m**da com a declaração também fora de propósito, do deputado pastor Marco Feliciano, que é de total infelicidade para não dizer outra coisa, quando este disse em seu twitter que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”. Imagina um culto dado por essa pessoa? E isso tudo por causa da declaração de Jair Bolsonaro que parece estar conseguindo tirar do armário muitos deputados que pensam da mesma forma preconceituosa que ele. Isso é muito grave e deveria ter a atenção de quem pode fazer alguma coisa antes que isso tome proporções difíceis de conter.
Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambiente fechado.
Por Claudio Schamis
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