1 de out. de 2010

Fraude do Enem faz 1 ano sem Justiça ouvir acusados


Um ano após a descoberta do vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, os cinco acusados ainda não foram ouvidos pela Justiça. O depoimento dos réus está agendado para 12 de novembro. Estima-se que a sentença judicial saia até fevereiro.

A fraude, denunciada dois dias antes da data marcada para a aplicação do Enem 2009, prejudicou cerca de 4,1 milhões de estudantes em todo o País. O cancelamento e a realização do exame em nova data consumiram R$ 99,95 milhões dos cofres públicos. O valor total gasto para o Enem ultrapassou R$ 168 milhões, mas o governo ainda tenta reaver R$ 35 milhões pagos ao consórcio Connasel pela impressão da prova. Como a quebra de contrato foi amigável, a devolução está sendo pedida por meio de processo administrativo. Se não houver acordo, o caso seguirá para a Justiça.

Na época do vazamento, o ministro da Educação, Fernando Haddad, agradeceu ao jornal por ter informado sobre a fraude e disse que a atitude evitou o deslocamento desnecessário de estudantes para a realização de uma avaliação cujos resultados terminariam anulados. “Se nós anulássemos a prova (depois de realizada), em vez de adiá-la, os prejuízos e transtornos seriam maiores. Todo mundo teria feito a prova e os resultados não poderiam ser usados.”

Reportagem premiada

Anteontem, a reportagem que denunciou o vazamento rendeu ao Estado o Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo. A matéria "Prova do Enem vaza e ministério anuncia cancelamento do exame", feita pelos jornalistas Renata Cafardo e Sérgio Pompeu e pelo fotógrafo Evelson de Freitas, e a cobertura realizada nos dias seguintes venceram na categoria jornal impresso.

As provas foram furtadas da gráfica Plural, em São Paulo, onde eram impressas. O Estado foi procurado por dois homens, que tentaram vendê-la por R$ 500 mil. O jornal não compra informações. A reportagem disse isso aos homens pelo telefone, mas pediu para marcar um encontro em um local público para que pudesse ver a prova.

Em nenhum momento os dois deram seus nomes e, por isso, foram identificados nos textos como “Informante” e “Sócio”. Ao folhear o caderno da prova, a reportagem memorizou algumas das questões e alertou o Ministério da Educação (MEC) de que o exame poderia ter vazado. A confirmação do vazamento chegou junto com a informação do cancelamento do Enem. Uma nova empresa foi contratada em caráter emergencial para organizar e aplicar o exame.


Reportagem retirada do site Diário do Nordeste

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